
"Toda a pessoa tem direito à Educação" por Eulália
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Artigo 26º
1 - Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo
menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é
obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos
superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2 - A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao
reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou
religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a
manutenção da paz.
3 - Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a
dar aos filhos.
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Toda a pessoa tem direito à Educação
Maria do Carmo era uma menina bem comportada, que desde cedo começou a trabalhar. Os pais diziam-lhe que ela deveria ser uma pessoa de bem e queriam que aprendesse de tudo para um dia ser “uma grande mulher”. Maria do Carmo aprendeu a costurar, a cozinhar, a bordar e até a tomar conta de crianças. Tinha dois irmãos mais velhos, que também tinham aprendido a lutar pela vida, mas ela tinha um desejo: aprender a ler e a escrever.
Os irmãos - dois rapazes, também não tinham ido à escola, porque há 60 anos atrás não era obrigatório e desde cedo tinham que ajudar os pais na lida do campo. Maria do Carmo não queria ficar toda a sua vida na aldeia, pois sabia que desse modo nunca iria concretizar o seu sonho. Assim, foi para Lisboa trabalhar para a casa do Sr. Dr. Manuel Silva. Com 15 anos viu-se numa casa cheia de trabalho: tinha que fazer a lida da casa, tomar conta dos três filhos do casal, ir à praça fazer compras.
Maria do Carmo não se atrapalhou. Levantava-se cedo e deitava-se tarde. O que ela não queria era voltar para a aldeia, não por não gostar da sua terra, que amava, mas porque sabia que lá nunca iria sair da cepa torta. Passaram quatro anos, em que a vida dela era só trabalho. Maria do Carmo, então com 19 anos, conheceu um rapaz que era militar, também de uma aldeia do Norte.
Volvidos mais cinco anos, em que o namoro teve altos e baixos, Maria do Carmo casou-se com João dos Santos na aldeia que a viu nascer. Toda a gente foi convidada. Foi um lindo casamento. Apesar de serem pobres aquele foi um verdadeiro dia de festa. Ficaram uma semana na aldeia. No final desta, partiram para Lisboa, para morar numa casinha que tinham arrendado, já que ela iria continuar a trabalhar na casa do Sr. Dr. Ele tinha arranjado também trabalho por ali perto, num talho.
Ao fim de um ano soube que estava grávida e foi com alegria que João recebeu a notícia de que iria ser pai. Nasceu uma menina gorducha e rosadinha a quem puseram o nome de Ângela Maria. Por essa altura já os meninos do Sr. Dr. eram crescidos e andavam na escola. Maria do Carmo ia levá-los de manhã e buscá-los à tarde. Todos os dias pensava no seu sonho de aprender a ler e a escrever, embora já soubesse assinar o seu nome. Tinha-lhe ensinado o Doutor, mas ela queria mais e não iria desistir de um dia ter ao menos a 4ª classe.
Passados mais três anos, Maria do Carmo teve um menino a quem pôs o nome de David. Continuava a trabalhar na casa do Sr. Dr. e o marido no talho. João já sabia ler e escrever, embora não desde pequeno - foi na tropa que aprendeu. O tempo passou e chegou o dia em que a filha foi para a escola. Maria do Carmo estava muito contente e disposta a fazer tudo por tudo para que os filhos tivessem os estudos que desejassem, já que ela ainda não sabia ler nem escrever. Mas não tinha ainda perdido as esperanças de um dia concretizar o seu sonho!
Maria do Carmo e o marido continuaram a trabalhar para darem estudos aos filhos. Os anos passaram. Estes eram já adultos e com estudos, porque os pais nunca desistiram de ajudá-los para que eles pudessem ter uma profissão, sem terem que depender de ninguém. Ângela Maria, já professora, vai trabalhar fora de Lisboa, numa aldeia. O David trabalha numa farmácia perto de casa dos pais. Maria do Carmo, agora na sua casa com os filhos formados na área que escolheram, está agora mais descansada e com tempo para ir à escola à noite. Já se inscreveu, vai começar para a semana que vem…
Vai agora, ao fim de tantos anos de atraso, concretizar o seu sonho de saber ler e escrever! O sonho que a perseguiu toda a vida! Ainda terá muitos anos pela frente para dar uso ao que irá aprender…
Antigamente, os estudos não eram obrigatórios, por isso muitas pessoas ficaram com sonhos por realizar. Agora, todas as pessoas tem direito à educação, que é um bem de toda a humanidade.
Autoria: Maria Eulália Vieira Alexandre Baltazar